O duplo Robinson: as fantásticas aventuras do trabalho e do dinheiro nos primórdios do capitalismo

Cláudio R. Duarte Se em Odisseu temos apenas uma “protótipo do indivíduo burguês” segundo afirmam Adorno e Horkheimer em sua Dialética do Esclarecimento, este indivíduo floresce pela primeira vez em Robinson Crusoé. A transição para o universo da forma mercantil aqui é fundamental: “Do ponto de vista das sociedades de troca desenvolvidas e dos indivíduosContinuar lendo “O duplo Robinson: as fantásticas aventuras do trabalho e do dinheiro nos primórdios do capitalismo”

O “Como é” de Beckett: o sujeito autocrático da dominação colonial

Cláudio R. Duarte Partilha do (in)sensível: subtração e reposição do “como é” O falso dinamismo da sociedade do trabalho se torna evidente no século de Auschwitz e da Bomba Atômica. Em Beckett nenhum riso irônico se sustenta mais sem uma acerba autorreflexão crítica de segundo e terceiro graus: um riso que ri de todo risoContinuar lendo “O “Como é” de Beckett: o sujeito autocrático da dominação colonial”

Kafka: a outra Amerika*

Cláudio R. Duarte A “robinsonada total” de Kafka Se no romance de aventuras o “mundo das coisas” já predominava sobre o “sujeito abstrato”, que triunfa como coisa sem sair desse mundo das mercadorias, como podemos verificar em Robinson Crusoé e Moll Flanders, na América de Karl Rossmann isso se inverte numa “robinsonada total”, segundo notaContinuar lendo “Kafka: a outra Amerika*”

Das grandes robinsonadas: o sujeito autocrático machadiano

Cláudio R. Duarte 1-As aventuras do dinheiro no coração do escravismo neocolonial O “sujeito autocrático” do esclarecimento, segundo Adorno e Horkheimer, se realiza plenamente na figura histórica do senhor de escravos, do burguês e do administrador estatal. Em Ulisses e em Robinson Crusoé, segundo uma página célebre da Dialética do esclarecimento, teríamos então elementos deContinuar lendo “Das grandes robinsonadas: o sujeito autocrático machadiano”

Insônia: a “coleção de encrencas” de Graciliano

Os contos de Graciliano Ramos agrupados em Insônia (de 1947, mas muitos deles publicados em 1935 e 1936) têm o seu valor relativo como experimentação de novos pontos de vista (narrador obsessivo, atordoado e descentrado, técnicas de monólogo interior, retórica da repetição, novas perspectivas de caráter psicanalítico) e figurações do duplo na tradição da literatura brasileira. O relógio do hospital-Brasil de Graciliano mede essa inércia colonial trançada à moderna sociedade do trabalho em formação.

Kafka ao pé da letra

Duas, pelo menos, são as posturas diante da linguagem e do mundo. Uma consiste em captar o sentido encurralado entre o dito e o não-dito; sua figura retórica de predileção é a ironia. Outra em tomar das palavras seu sentido imagético soterrado; sua tradução literária é a metáfora viva. Quando na virada do século XIX para o XX a possibilidade de narrar segundo os preceitos tradicionais da objetividade já parece inviável, Kafka investe na literalidade da palavra, produzindo uma imagem da imagem do mundo.

Confinamento e evasão: comentário de um miniconto de Kafka

Em “A excursão às montanhas”, o movimento do monólogo interior do narrador kafkiano é descontínuo, mas não inarticulado, e dá vazão ao drama não dramático do sujeito fraturado que, retomando em nova chave a astúcia do herói homérico em luta contra as forças do mito, imagina uma contrapartida utópica da condição monadológica a que se vê reduzido.

Desexílios de Benedetti: o modesto retorno à vida imanente

Não é no horizonte abstrato, puramente ideal ou teórico, que está a vida que mal ou bem tem de ser vivida e que resta ser vivida. Sem conformismo, sem resignação. Apenas com a confiança de que todo resto é também ideologia: autojustificação da derrota sob a capa imaginária de um heroísmo isolado impossível ou de mundos violentos a serem instituídos pelo puro desespero. Resta voltar à imanência e nela procurar as vias de uma radicalidade possível.

Antonio Candido: literatura de mil gumes

Nesse momento de anti-intelectualismo latente e de reformas que destroem o que havia de formação na sociedade, a presença de Antonio Candido parece garantida entre nós. Sua estatura era tal que até o opressor o reivindica para compor suas fileiras.

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